quinta-feira, 18 de maio de 2017

Adriano Nunes: "Εὐριπίδης" - para Alberto Lins Caldas

"Εὐριπίδης" - para Alberto Lins Caldas


Agora que a
Ágora está
Vazia, que
Não há mais grego
Ou grega nos
Vãos, arredores,
Que não há deuses
A velar pelo
Porvir mimético,
Pelo devir
Que muito mais
Pode, que Hélios
Carrega embora
O sol, sem pressa,
Dá pra sentir
Já por que todos
Saíram em
Silêncio. Não
Há mais consenso.
Ah, nunca houve!
Consenso era
O ideal de
Que tudo mesmo
Seria igual.
Agora que
Todos se foram
E dispersaram-se
Por vias e
Vácuos, bem vê,
Rest' uma rédea
Ainda presa
À ideia, como
Cláusula pétrea.
Sonha o silêncio!
Ao longe, escuta-se
O baque agudo
De pedra. Um eco
Em direção
Ao que se mexe.
Nem grego ou grega
Pra trás se voltam.
Apenas dizem,
Impressionados,
Que um jovem bardo,
De nome Eurípides,
Cantando Alceste,
Os concorrentes
Logo elimina,
Com magna arte e
Talento. Quase
Nada mais sabe-se
Dele, a não ser
Que bem nascera
Em Salamina.

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